Hoje nada resta da antiga opulência de Afonso, Egas e Gualdim, três irmãos nobres de inícios do século XIV cuja fortuna foi perdida poucos anos antes, graças aos fulgores veniais de Gualdim, o mais novo, junto da descendência próxima e já prometida do vingativo Conde de Bragança, e ao vício do jogo de Egas. A viverem em Paço de Medranhos, propriedade apalaçada e de belo traço que mal deixa perceber hoje o luxo dos tempos idos, mal vão sobrevivendo. A jovem criada destes irmãos, de seu nome Rosa, está prestes a perder a paciência pelas remunerações que há muito não lhe chegam à mão; e decide segui-los quando se embrenham no bosque, acabando por observá-los quanto Gualdim descobre por acaso um cofre árabe de ferro na cova oculta de uma rocha: o cofre guarda uma pequena fortuna em dobrões de ouro. O trio decide que Egas, com um dobrão na sua posse para não cair em tentações, irá até à aldeia comprar algo que lhes acalme o estômago. Enquanto Egas vai à tarefa, Gualdim convence Afonso de que Egas depressa desbaratará a fortuna recém-descoberta. A única solução é matá-lo, ficando mais para os dois que sobram. Sempre sob o olhar de Rosa, Egas é assassinado por Afonso e Gualdim assim que regressa da aldeia. Quando o par de irmãos se prepara para voltar ao seu Paço de Medranhos, o delfim Gualdim não resiste, matando à traição o primogénito Afonso. Mas o tiro – ou, melhor, a espadada – sai-lhe pela culatra: contorcendo-se de lancinantes dores intestinais, morre tolhido na erva fresca, já que Egas planejara o mesmo para os dois irmãos, envenenando as botelhas de vinho que trouxe da aldeia e que os outros manos sorveram, satisfeitos… Algum tempo depois, Rosa, graças à fortuna no cofre que para si sobrou como única testemunha, é a nova proprietária do Paço, que entretanto restaurou. Mas acaba também envenenada pela criada, que será a nova proprietária do paço. Até…