1961. A edição e publicação de “Cântico do País Emerso”, de Natália Correia pelo escritor e editor Luiz Pacheco. O lançamento ocorre no primeiro bairro da lata de Lisboa, o Bairro da Alegria. Este lançamento é um gesto estético e político numa altura em que o regime ditatorial que governa o país endurece posições. A visita da jovem nórdica, Ebba Merete Seidenfaden, de alcunha SNU – em dinamarquês “esperta”- ao país do marido, Vasco Abecassis. Portugal, um país periférico, com uma guerra colonial que acaba de eclodir, e a viver sob um regime ditatorial, fá-la redobrar a atenção com que escuta e forma opiniões. Para isso contribuirá a observação que faz do próprio ambiente dos Abecassis, desde as empregadas (o filho de uma cozinheira parte para a guerra em Angola) ao círculo social, diversificado mas elitista. Mariano, um jovem sem os estudos concluídos, protegido por um Padrinho que trabalha na Censura, candidata-se, recebe instrução e entra para os quadros da Pide.