Depois de anos a viver em Lisboa, a família Castro toma a decisão de vender o seu apartamento e ir viver para uma aconchegante casa no campo. Luís, o patriarca, de 45 anos, trabalha como designer gráfico. Sendo um profissional liberal, e com as facilidades da internet, não encontra nenhum inconveniente em manter-se afastado da grande cidade. Sofia, sua mulher de 43 anos, é escritora. Além dos seus romances, escreve semanalmente para um jornal uma coluna de opinião sobre literatura, não vendo assim também nenhum impedimento para isolar-se no campo. Pedro, o filho de 19 anos, baterista num grupo de “heavy metal”, até acha porreiro estar num sítio onde não precisará mais levar com as reclamações dos vizinhos, quanto ao barulho do seu instrumento musical. Teresa, estudante de 14 anos, não tem outra opção senão acatar a decisão dos pais. Uma mudança radical. Passam-se os dias e tudo parece começar a compor-se na casa e na vida da família. Ou quase tudo. Rede para os telemóveis, não há. Internet, menos ainda. “Uma pequena avaria na torre de transmissão que logo será resolvida”. Foi o que os informaram há cerca de um mês, quando chegaram à casa. Começam a sentir falta dos centros comerciais, das salas de cinema, dos teatros, do trânsito caótico. Aos poucos, todas aquelas lembranças transformam-se numa saudade incontrolável.